Amiga convidada de hoje: "Maria"
Nome fictício. Quando lerem este texto vão perceber porque não quer dizer quem é...
Nome fictício. Quando lerem este texto vão perceber porque não quer dizer quem é...
"Era um dia normal, finalizado com um jantar entre amigos e
depois uma noite de festa, sangria e alegria à beira da praia.
Lá estava eu.
Cheia de fome devorei o jantar que as meninas haviam feito –
que de fato estava bom. A seguir veio a melhor parte: cheesecake de frutos
vermelhos, cortesia de um rapaz que já não me lembro o nome.
Fiquei na dúvida.
Como não como, como não como, como não como. Lol. É claro
que como.
O instinto de gorda falou mais alto. Mesmo sabendo que
algumas vezes o cheesecake não me cai bem. Mas era uma noite descontraída e eu
ia-me divertir. Ignorei as consequências.
Mergulhei fundo. Parti para dentro daquele cheesecake de
Philadelphia, com doce em cima e bolacha maria em baixo. Lambi os dedinhos.
Entramos no carro e fomos dar início à nossa noite chill
out. Mas antes mesmo de chegar ao clube, algo deu errado.
Ainda bem que o motor do carro fazia barulho e estavam todos
a conversar, caso contrário não conseguia esconder a sinfonia de gases que
vinha dos fundos da minha barriga.
Os 100 metros até o clube constituíram a caminhada mais
longa da minha vida. A dor não cabe em palavras. Entretanto, sabia que andar
era a única forma de chegar ao meu destino final: o trono.
A porta do clube foi como uma visão das portas do paraíso.
Estava a salvo. E as minhas calças também. Corri, com aquele tema do “Chariots
of Fire” a tocar na minha cabeça.
Não vi o tempo passar.
A quanto tempo estivera lá? 30 minutos? 1 hora?
As meninas entraram a meio do meu percurso para saber como
eu estava. Disse para não contarem comigo. Ainda me lembro de ouvir uma delas a
dizer: “até já, queijinho!”. Filha da p*. Elas sabiam.
Habituei-me àquele cubículo. O baixo da música a abanar a
parede de trás. A minha posição ali, de joelhos dobrados, sem conseguir
levantar. Tentei sair dali umas duas vezes, só para ter de baixar as calças
outra vez. Ninguém verdadeiramente sabe o que eu passei.
O que importa é que eventualmente saí dali. Sentia-me como
uma veterana de guerra a voltar para casa. Tinha um ar de triunfo nos olhos. Não
havia vergonha. Era uma sobrevivente.
Fui buscar uma Somersby e comecei a curtir o som. A música
de fato era tão boa (e o álcool também) que às tantas estávamos todos a dançar
e cantar intensamente.
Mas eu no fundo, sempre sabia. Que o queijo me tinha
derrotado mais uma vez, e fiz figura de porca à frente de todos. O pior de tudo
mesmo foi não conseguir ficar bêbada. Não podia arriscar mais uma corrida até ao
trono. Não, o pior de tudo foi ainda por cima ter de ir ao balcão do bar pedir
um copo d’água para ver se me purificava os interiores."
Confesso que estava presente neste dia e chorei a rir ao ler o texto. Se o episódio já tinha piada, aos olhos dela teve um piadão!
...E sim fui a "filha da p*" que disse "até já, queijinho!"
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